" - Do que você tem medo? - Ela perguntou.
Não deveria ser uma pergunta complicada.
'Bem, eu tenho medo de aranhas, cobras, do escuro...'
Mas não, não era tão simples assim. Não eram medos comuns, como de baratas ou largatixas. Eram medos mais profundos, aqueles que você leva sempre, aqueles que você não conta pra praticamente ninguém.
Não são coisas fáceis de falar. Eu poderia mentir. Mas eu me sentia expelida a contar tudo pra ela; Era simples se abrir, porque eu sabia que ela sempre me apoiaria, por mais que não me entendesse...
- Eu tenho medo de tantas coisas. Eu tenho medo toda vez que penso em perdê-lo, e ao mesmo tempo, tenho medo de que meu amor por ele acabe...
- Por que você se sente assim? Você acha que ele poderia acabar? - Ela me interrompeu.
- Você sabe como eu sou complicada. Inconstante, confusa. O que eu sinto e penso hoje, de alguma forma, nunca é igual ao que penso amanhã ou até mesmo daqui a três horas. Eu tenho medo que seja da mesma forma que antes. Que eu acredite tanto numa coisa, e acabe percebendo que no final eu só me iludi...
- Mas eu nunca te vi tão feliz antes, nem mesmo da última vez...
- É, eu sei. Não é da mesma forma - eu sabia que ela tinha razão, ainda assim... - Mas e se no final for? E se não for amor de novo? Eu nunca o procuro, mas mesmo assim ele sempre foge...
- Não vai ser igual. Não pode ser, porque não começou igual. De alguma maneira, isto já é diferente...
É incrível o modo como ela sempre conseguia me acalmar. Não que isso acabasse com minhas inseguranças, mas mesmo assim, me ajudava...
- De que mais? - Ela me tirou dos meus desvaneios.
- Do futuro. Do incerto, do que eu não sei. E se eu não for nada do que eu sempre sonhei ser?
- Você vai ser...
- O que vou fazer quando perceber que não me tornei nada de importante? - eu continuei sem prestar muita atenção.
- Você já é importante. Só por ser como você é. Todos nós somos importantes pra quem nos ama.
- Mas e se eu crescer e a uma certa altura da vida eu perceber que todos os meus sonhos se foram?
- Sonhe de novo. Crie novos sonhos. Uma coisa que nunca pode acabar são seus sonhos. Eles são sua essência, eles te impulsionam pra vida... Os sonhos nunca morrem, eles só desaparecem quando você cria novos...
Ela estava certa. Ela sempre estava certa. O que seria a vida sem sonhos e desejos?!
- Você tem medo de mais coisas? - Ela perguntou, apesar de já saber que sim.
- Tenho. De acabar sozinha um dia. Sem amigos, sem família, sem amor. Isso seria o pior de tudo. O que eu nunca poderia aguentar. Viver só seria como a morte pra mim. Insuportável, deseperador, aterrorizante...
- Você nunca vai estar sozinha. Você sabe que sempre vai ter a mim. Sempre. E isso não vai mudar, mesmo que o mundo gire ao contrário, mesmo que ele vire de ponta-cabeça... Eu vou estar aqui, pra o que você precisar...
E eu sabia que isso era verdade. Porque da mesma forma que ela sempre estaria ali pra mim, eu estaria pra ela. Pra tudo o que fosse necessário; E independente do que acontecesse... "
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2 comentários:
Medos eu tenho vários, e as vezes não consigo contar a alguém, tenho medos mais profundos, e para algumas pessoas pode não significar nada, mas para mim pode ser quase tudo, e me sinto confusa porque como algo tão pequeno pode acabar se tornando enorme?
Obrigada pela visita adorei seu blog
Olá!
Obrigada pelo elogio! Você também escreve muito bem!
Medos... quem não os tem?! Somos humanos, mudamos muito de opinião, aprendemos e crescemos. Tem como não mudar os pensamentos?!
Quando alguma coisa acaba nós podemos começar outra. Nada é pra sempre. Não deu certo? Parte pra outra. Demora, dói um bocado, mas você acaba reencontrando sua melhor amiga: Você mesma. Como disse Érico Veríssimo; "a vida começa todos os dias"...
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